Metodologias ativas de aprendizagem: o que são e quais os tipos aplicados no ensino superior
Provavelmente, você já cansou de ouvir que o modelo tradicional de ensino não é mais suficiente para os desafios do mundo moderno.
No entanto, engana-se quem pensa que o assunto é novidade: desde 1930, o pedagogo John Dewey já criticava nosso sistema educacional, defendendo que, em vez de obrigar estudantes a memorizar e recitar fatos de maneira passiva, em contextos que não simulam o mundo real, deveríamos colocá-los no centro do processo de ensino-aprendizagem.
Ou seja: em vez de o estudante ser um mero ouvinte do professor, ele também deveria ser responsável pela construção de seu próprio conhecimento.
Se isso já fazia sentido naquela época, imagine hoje, num contexto onde habilidades fundamentais, como a interpretação de texto e o raciocínio lógico, não bastam.
Agora, para ser bem-sucedido, o estudante precisa desenvolver uma série de competências que incluem, por exemplo, trabalhar em equipe, sintetizar informações, gerenciar o tempo e, especialmente, dominar recursos tecnológicos.
Para isso, a solução que as instituições de ensino superior vêm aplicando são as chamadas metodologias ativas de aprendizagem.
Ou como Dewey chamava originalmente: problem-based learning.
Enquanto o modelo tradicional de ensino faz com que os alunos somente acompanhem aulas expositivas, com o docente sendo o protagonista da educação, as metodologias ativas de aprendizagem agem de maneira diametralmente oposta:
De acordo com o Professor Marcos T. Masetto, Doutor em Psicologia Educacional e Livre Docente em Didática, este sistema consiste em situações de aprendizagem planejadas pelo professor, em conjunto com os alunos, que geram participação e uma postura ativa e crítica frente à aprendizagem.
O modelo coloca os estudantes como centro do processo educacional, favorecendo sua autonomia, instigando sua curiosidade e possibilitando a criação de uma perspectiva de aprendizado própria.
Podemos elencar, basicamente, cinco princípios fundamentais:
Ao aplicar metodologias ativas de aprendizagem, é possível aprimorar as habilidades de pensamento crítico, melhorar os índices de motivação dos alunos — o que é essencial para manter bons níveis de atenção e, consequentemente, consolidar o aprendizado — e diminuir as taxas de reprovação.
Um conjunto de universidades americanas (University of Washington, University of California e University of Maine) analisou os métodos de estudos aplicados a 225 estudantes de ciências, engenharia e matemática, e comprovaram que a aprendizagem ativa pode gerar resultados significativos.
No artigo intitulado “Active learning increases student performance in science, engineering and mathematics”, demonstrou-se que alunos de cursos sem aprendizagem ativa possuíam 1,5 vezes mais chances de reprovação, quando em comparação com aqueles imersos na metodologia ativa.
E este foi somente um dentre diversos outros estudos que vêm apresentando resultados promissores quanto à aplicação deste sistema nas salas de aulas.
As instituições de ensino superior que implementam metodologias ativas costumam se destacar em comparação com as concorrentes, não só pelos resultados tangíveis, mas também pelos próprios alunos, que, ao se verem como protagonistas na construção de seus conhecimentos, passam a ser agentes de promoção da metodologia.
Alguns exemplos são:
Quando bem aplicadas, as metodologias ativas podem ser muito proveitosas.
No entanto, para garantir que isso ocorra, é essencial que o corpo docente tenha domínio completo de ferramentas pedagógicas que promovam o esforço dos alunos, além de estarem comprometidos com uma formação continuada, onde haja espaço para unir o que já foi aprendido com os novos métodos.
Se você trabalha numa instituição de ensino superior que deseja aprimorar o processo de ensino-aprendizagem de maneira contínua, certifique-se de que o corpo acadêmico está devidamente ciente dessas implicações.
Feito isso, ao que a literatura vigente indica, os resultados serão mais que satisfatórios.