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Sala de aula invertida: o que é e quais benefícios pode trazer à minha instituição

alunos em uma mesa estudando e assistindo conteúdo em um tablet

Em meados de 2007, uma nova abordagem de ensino começou a ganhar força…

Jonathan Bergmann e Aaron Sams, dois professores do Colorado, tinham acabado de descobrir um software que permitia que narrassem e gravassem apresentações de Powerpoint ao mesmo tempo. 

Assim, começaram a gravar suas aulas e postar o conteúdo online, em forma de pequenos tutoriais, para ajudar estudantes que pudessem ter perdido os conteúdos. 

Pouco tempo depois, começaram a notar que as gravações não estavam sendo procuradas somente por estudantes que perderam algumas aulas, mas por diversas pessoas que queriam revisar aqueles temas.

Enquanto isso, Sal Khan, um famoso educador americano bengali, começava a publicar pequenos vídeos explicativos sobre matemática no YouTube – o que logo culminou na Khan Academy, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é disseminar educação, e que hoje conta com mais de 7,4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube.

E foi com iniciativas similares que, dia após dia, a ideia de disponibilizar conteúdos online para estudantes começou a fazer cada vez mais sentido. 

Não demorou para que os educadores notassem que, ao disponibilizar esses conteúdos na internet, o tempo em sala de aula passava a ser mais produtivo, já que permitia que focassem em atividades pedagógicas mais eficientes para a consolidação das informações, uma vez que o aluno já vinha para a instituição com um conhecimento prévio do assunto.
Essa mudança no paradigma de ensino-aprendizagem foi chamada originalmente de Flipped Classroom. Ou como dizemos: sala de aula invertida.

 

O que é a sala de aula invertida?

Basicamente, trata-se de um modelo de metodologia ativa de ensino no qual os alunos devem, primeiramente, estudar em casa com a ajuda de materiais disponibilizados pelo professor e, depois, reforçar o aprendizado com discussões e dinâmicas na sala de aula. 

Tecnicamente, o estudante passa a realizar as atividades de menor exigência cognitiva em casa, compreendendo os fundamentos básicos do assunto, e deixa as atividades de maior exigência cognitiva (aplicação do conhecimento, resolução de problemas e análises) para a sala de aula, onde passará a ter mais tempo para ser auxiliado pelos professores e até colegas.

No fim, tudo contribui para que o estudante abandone a tradicional postura passiva de ouvinte e assuma o papel de protagonista do seu aprendizado.

 

Qual o compromisso do professor ao aplicar a sala de aula invertida?

Nossa cultura escolar é tradicionalmente baseada em aulas expositivas, deveres de casa e provas periódicas. Por isso, é necessário preparar o aluno para essa mudança – e estar preparado para driblar a resistência de alguns.

É papel do professor apresentar esta nova metodologia de forma gradual e assistida, deixando claro os benefícios que serão colhidos por seus discentes.

 

Como colocar a sala de aula invertida em prática?

Sintetizamos 5 passos simples para ajudar você com isso:

  1. Depois de situar os alunos e convencê-los dos benefícios da metodologia, é necessário despertar o interesse deles pelo tema a ser estudado, ainda em sala de aula. 

  1. Posteriormente, compartilhe materiais de referência para que possam estudar em casa, como artigos, vídeos, áudios e pesquisas.

  1. Feito isso, é essencial propor um espaço online para que os alunos possam debater e trocar informações sobre o tema em questão. 

  1. A partir do que foi compartilhado, o próximo passo seria o de discutir, em sala de aula, as reflexões trazidas pelos estudantes, além de responder dúvidas e propor atividades (em grupo ou individuais) que façam com que os alunos apliquem o conhecimento na prática, simulando a resolução de situações-problema. 

  1. Por fim, faça um fechamento dos aprendizados junto aos estudantes, avalie o que foi ensinado e peça feedback aos discentes. Você pode, por exemplo, mediar discussões ou criar um questionário para que registrem o que aprenderam e contem o que acharam de suas próprias participações durante o processo. 

 

Vantagens que uma instituição de ensino tem ao aplicar a sala de aula invertida

Wilson Azevedo, conselheiro da ABED (Associação Brasileira de Ensino a Distância), diz que já é comprovado que o método não só aumenta a autonomia dos alunos, como também o seu protagonismo, disciplina, autoestima e engajamento nos estudos, além de fortalecer o vínculo com professores e alunos, que passam a estar em constante interação.

Diversos estudos já mostraram que os níveis de atenção dos alunos começam a cair depois de somente 15 minutos de aula. Enquanto isso, “inverter a sala de aula” faz com que se mantenham engajados e focados durante a aula toda (Medina, 2008).

Além disso, o método faz com que alunos mais autodidatas não dependam dos colegas que têm mais dificuldade para aprender e, indiretamente, “obrigam” o professor a avançar a passos mais lentos, no modelo tradicional de ensino. Da mesma forma, quando um estudante tem dificuldade num determinado conteúdo, o professor passa a ter mais tempo para acompanhá-lo (Hattie, 2013).

No âmbito escolar, temos a Clintondale High School como um grande caso de sucesso, que, em 2010, era uma das escolas mais mal sucedidas de todo o estado de Michigan. 

Inverter a sala de aula mostrou-se mais do que eficaz para mudar a situação: um ano depois, a taxa de reprovação em inglês caiu de 52% para 19%; em matemática, de 44% para 13%; em ciências, de 41% para 19% – e o número de estudantes que ingressaram em universidades subiu de 63% para 80% (Rosenberg, 2013).

Quando se trata de instituições de ensino superior, também não faltam evidências para comprovar o sucesso dessa metodologia ativa de ensino-aprendizagem: 

Um estudo feito em 2011 com os estudantes de Física da University of British Columbia mostrou que, numa sala de aula invertida, os alunos apresentaram uma média de acertos de 74%. Enquanto isso, seus colegas, numa sala de aula tradicional, apresentaram uma média de 41%. 

O engajamento estudantil subiu de 45% para 85% após a inversão da sala de aula, sendo esta a maior melhoria de performance já documentada na história das pesquisas educacionais, de acordo com Deslauriers, o autor desses estudos. (Deslauriers, 2011; Applying science to the science of teaching)

 

O que preciso saber antes de aplicar a sala de aula invertida

O princípio básico é ter em mente que, apesar da tecnologia ser um grande facilitador neste processo, somente a pedagogia é capaz de alavancar o sucesso deste método.

Além disso, um bom planejamento é essencial para que professores e alunos estejam alinhados não só quanto aos benefícios da prática, mas principalmente às expectativas – isto é, os alunos devem saber exatamente o que será esperado deles em cada etapa. 

Por fim, é crucial que o corpo docente esteja preparado para que, na sala de aula, os estudantes sejam realmente desafiados intelectualmente, lidando com atividades que os preparem para agir em situações-problema.

Considerando todos esses fatores, podemos afirmar: se você trabalha numa instituição de ensino que deseja alunos mais engajados, com senso de autonomia e alta performance, testar a Sala de Aula Invertida pode ser promissor.

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